quinta-feira, 22 de setembro de 2005

Bandidos e Mocinhos

O Planalto Central anda um verdadeiro faroeste. Mas é um faroeste de produção barata e poucos atores, o que gera uma situação curiosa: o mesmo ator às vezes é bandido e às vezes é mocinho.
Roberto Jeferson, por exemplo. Até o nome é de bandido, mas se não fosse seu ataque suicida ao Álamo do Governo, os outros bandidos teriam permanecido entocados e intocáveis.
Marcos Valério, outro nome de dramalhão mexicano, também teve lá o seu momento de mártir. Não colou, mas ele tentou.
Comédia e sexo também estiveram presentes, com os dólares na cueca e as prostitutas de luxo das festas do PT. Sem esquecer da secretária, que quase tirou a roupa.
E tem o Buani, o dono de restaurante que foi a ruína de Severino, o Breve, Presidente da Câmara. Esse, para mim, não é nem mocinho, nem bandido. Nesse bangue-bangue maluco, ele é o índio.
No programa do Jô Soares da última quarta-feira foi tratado como bandido. Foi pressionado e desrespeitado, com perguntas agressivas e, algumas vezes, até mal-formuladas. Fiquei incomodado. Quando Jefferson foi achincalhado pelos seus pares, aquilo não me abalou. Jefferson posou de mocinho, mas todo mundo já sabia que, neste filme, ele morreria no final.
Já o índio, no bangue-bangue, pode até cometer alguns crimes, mas sua conversão para o lado dos mocinhos é mais honesta. Acho que é o caso de Buani. Ele aceitou ser coagido por Severino e só denunciou o esquema quando lhe foi conveniente. Mas denunciou. Buani é um homem relativamente comum que teve coragem de romper o esquema e eu acho isso louvável.
Somos obrigados a reconhecer que o brasileiro convive com a irregularidade a ponto de não saber mais o que é certo e o que é errado. Feiras de produtos piratas, muambeiros, doleiros, jogo do bicho – que atire a primeira pedra aquele que nunca usufruiu destes serviços, todos ilegais. E não vou nem falar de sonegação do imposto de renda.
Buani rompeu com o esquema e acho isso, repito, louvável.
Só não vamos misturar as coisas. Acho digna a denúncia e não a anterior conivência com a extorsão. Se ele cometeu algum crime, deve pagar por isso, mas sua dívida agora é com a justiça - e não mais comigo. Eu o teria tratado com mais respeito.

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