quinta-feira, 18 de maio de 2006

Ervas daninhas no jardim

Por motivos de força maior só fui assistir ao Jardineiro Fiel agora. Achei o filme chatíssimo.
História boa, uma fotografia meio década de setenta (competente, mas não era o que eu esperava), atuações comportadas e flashbacks desnecessários (que contam o que você já deduziu e só contribuem para a lentidão da narrativa). Este talvez seja o primeiro caso que presencio no qual o livro é mais dinâmico que o filme. No livro, o suspense se sustenta. No filme, o suspense aparece e vai embora sem se despedir.
É duro falar mal do filme do Fernando Meireles, principalmente depois de Cidade de Deus, que é um dos melhores filmes que já assisti. Não um dos melhores filmes nacionais – um dos melhores filmes e ponto. Divertido, dinâmico, ousado, crítico, brilhante. Obra-prima. Não é o caso do Jardineiro Fiel.
Para ser honesto, o tema é ácido e atual e os ares de documentário tentam mostrar uma África chocante (como é mesmo), mas ficou faltando alguma coisa. Sir Richard Atemborough mostrou uma África bem mais intrigante e emocionante em Um Grito de Liberdade. Hotel Ruanda, filme mais contemporâneo, também foi mais contundente.
O filme não é uma porcaria, que fique bem claro, mas não é muito divertido. Meio lento, meio previsível. Não chorei, não ri, não fiquei puto e avancei uns pedaços no controle. Dispensável.
Mas como é possível um filme assim ganhar tantos prêmios?
A resposta é muito simples. O que está escrito aí em cima é a minha opinião e minha opinião não vale lá grandes coisas. Mas podem existir outras explicações: Meireles está no embalo, respeitado pelos atores, respeitado pela crítica e parece ser um cara carismático à beça. Além disso, estamos vivendo uma certa euforia com o cinema nacional, algo parecido com o que acontece no futebol. Não interessa se o gol foi de barriga, o importante é que a bola entrou. E não podemos esquecer que esse povo que freqüenta festival de cinema é meio esquisito e tem uns gostos duvidosos – eu não deixaria minha filha andar com eles.
Contudo, essa crítica não estaria completa sem uma confissão: tenho uma paixão declarada pelo entretenimento. Na minha estante, ao lado da Ilíada (em verso) está o Manual do Sexo Manual do Casseta e Planeta – e o livro do Casseta está bem mais usado.
Faça o seguinte: construa uma lista mental dos seus cinqüenta filmes preferidos. Se não tiver nenhum do Schwarzenegger, vá ver o filme.

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