quinta-feira, 18 de maio de 2006

Aventura

06:45 – Pablo Marques acordou, fez seu alongamento matinal, tomou banho e preparou-se para ir ao trabalho com seu melhor amigo, Heitor Lobo. Mais um dia normal pela frente, pensou Pablo.

07:12 – O carro de Heitor passou a centímetros do caminhão de lixo. Pablo conferiu o velocímetro: 160 quilômetros por hora. Pegue a arma no porta-luvas, gritou Heitor enquanto desviava de uma senhora grávida – o carro já estava sobre a calçada. O veículo negro que os estava perseguindo parecia cada vez mais próximo.

08:20 – O vento frio quase derrubou Pablo do edifício. Estava no décimo-segundo andar e procurava desesperadamente uma maneira de voltar para o interior do prédio. Reunindo suas forças, quebrou uma janela com um poderoso chute, interrompendo uma sessão de fotos para uma revista masculina.

08:46 – A top model internacional Heidl Kim, vestindo apenas uma camiseta branca molhada e uma calcinha da Hello Kit, abraçou Pablo e, encarando-o com seus belíssimos olhos azuis, disse, sem hesitação: Confio em você. Então, segure-se, respondeu Pablo. E jogou-se do topo do arranha-céu. E se o pára-quedas roubado da loja esportiva na cobertura não funcionasse?

10:56 – A correnteza quase arrancou a bolsa com os diamantes da mão de Pablo. Com uma mão, agarrava-se firmemente a um tronco. Com a outra, segurava a bolsa. Heidl, com a camiseta cada vez mais molhada e mais transparente permanecia agarrada em seu pescoço. O crocodilo se aproximava lentamente.

12:05 – E agora? Qual seria a senha do computador de Heitor? Qual seria o envolvimento de seu amigo com o Culto das Três Serpentes e com a CUT? Olhou em volta em busca de uma pista. Lá fora, um tumulto – o corpo havia sido descoberto!

14:28 – Heidl, com um movimento rápido, arrancou a espada da parede e arremessou-a para Pablo, rasgando um pedaço de sua camiseta branca molhada. Pablo não estava mais indefeso, seus movimentos eram lentos e estudados, com a espada em punho, aproximava-se de seu adversário, que empunhava um florete. Heitor, diga onde está a bomba. A voz de Pablo era sombria e determinada.

16:32 – Ferido, exausto e com a visão embaçada, Pablo sentiu o suor escorrendo em sua testa. Naquele estado, jamais conseguiria acertar um alvo móvel a trezentos metros de distância. Mas o País precisava dele. Respirando fundo, ajeitou o rifle sobre o antebraço esquerdo e olhou novamente na mira telescópica. Lá estava Heitor, entrando na lancha e arrastando a pobre Heidl pelos cabelos.

17:01 – O helicóptero chocou-se com o hidroavião.

17:14 – Puxe o fio verde! Puxe o fio verde!, Heidl gritava, com a voz já anasalada, por causa de um resfriado (ela havia passado o dia inteiro com a blusa molhada). Mas Pablo lembrava-se muito bem de seu tempo como membro do Esquadrão de Elite Especial (o EEE) e sabia que dispositivos termonucleares resfriados com hidrogênio líquido e com timers analógicos não podiam ser desarmados de forma simples. Eles haviam chegado tarde demais, a bomba ia explodir. A não ser que...

18:00 – Pablo chega em casa e a esposa o recebe com mais um longo e caloroso beijo. O cheirinho agradável que emana da cozinha não deixa dúvidas: o jantar vai ser frango com açafrão.

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