sexta-feira, 27 de abril de 2007

Domingo

O pior dia da semana é o domingo. A segunda-feira é horrível, mas a expectativa pela segunda é pior.

O domingo começa até bem, talvez até com boas lembranças da noite anterior, seguidas de um passeio, um clube, um almoço com a família ou amigos. Quem sabe um pouco de sol ou um bom livro. Mas, por volta de duas horas da tarde, a ansiedade começa a tomar conta da gente. "A segunda vem aí", repete nosso inconsciente.

O mau-humor se instala e o Faustão não ajuda. O futebol alivia um pouco (para os homens – as mulheres permanecem em agonia crescente). Depois das sete da noite, o nosso organismo inteiro se recusa a fazer algo interessante e nos conformamos em esperar pela segunda-feira, como um condenado no corredor da morte.

Raramente marcamos alguma coisa para o domingo à noite, o sexo no domingo à noite nunca é memorável e os programas de televisão são os piores possíveis. Até o que comemos no domingo à noite é, quase sempre, algo requentado de um momento melhor do final de semana. Não é à toa que a maioria das religiões prefere o domingo como dia de culto – trata-se de uma tentativa de aliviar o espírito que, quando vira obrigação, contribui ainda mais para a sensação de angústia.

O domingo é a realização do masoquista, que adora sofrer por antecedência já que, assim, tem a oportunidade de sofrer por mais tempo. Agora, pior mesmo que o domingo só mesmo se o domingo for o último dia de um feriado prolongado. Rapaz, só de escrever sobre o assunto já fico deprimido.

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