quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Unanimidade

Quatro pessoas hipotéticas estão reunidas. Marco, Tadeu, Belarmina e... Hm... Fiodor Dostoievsky. De repente, notando que todos parecem um pouco entediados, Dostoiévsky pergunta:

— Que tal sairmos para comer alguma coisa?

Marco não está com fome e preferia ficar em casa, mas não quer desagradar um dos maiores escritores de todos os tempos e fundador do existencialismo, e responde:

— Claro!

Tadeu preferiria fazer qualquer outra coisa a sair para comer fora, mas como é muito amigo de Marco e quer ver o amigo feliz, responde:

— Por mim, tudo bem.

Belarmina é apaixonada por Tadeu e, embora sua telenovela preferida estivesse prestes a começar, não seria ela quem estragaria tudo e iria contra a vontade de todos os demais:

— Sem dúvida.

Lembro aos senhores que o próprio Dostoiévski não estava lá muito animado com a perspectiva de sair. Ele apenas fez a proposta porque o grupo pareceu entediado e sair para almoçar fora é uma coisa que normalmente as pessoas fazem para quebrar o tédio. Por ele, ficava em casa dando os retoques finais em Os Irmãos Karamazov.

Todos saíram e a noite foi péssima. Foi tão ruim que todos ficaram com uma péssima impressão do restaurante que, na verdade, era até razoável.

Um grupo de quatro pessoas concordou plenamente em tomar uma decisão imbecil, que foi ruim para todo mundo. Simplesmente porque acharam que a decisão correta estava dentro da cabeça deles e não em uma conversa racional e óbvia.

Recentemente, uma coisa parecida aconteceu comigo e foi uma experiência traumática – eu era o restaurante.

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