sexta-feira, 9 de junho de 2006

Dito e Feito

Alguns ditados populares, na minha opinião, não têm muita credibilidade. Inclusive, até onde sei, a maior parte deles sequer foi dita pelo povo. Tratam-se, na verdade, de frases de famosos que ganharam as ruas (as frases, não os famosos). Ou seja, em sua origem serviam a um propósito mais escuso e individual que o de propagar a sabedoria popular.
“O importante é competir” é um bom exemplo. Lema do barão de Coubertin (historiadores acreditam que não foi ele mesmo o inventor da frase), funciona bem para consolar quem perdeu, mas o último colocado, meus amigos, não ganha medalha, não dá entrevista e não come a modelo que entrega o buquê de flores e a garrafa de champanhe. Importante mesmo é vencer.
Outra: “o dinheiro não traz felicidade”. Ha! E tem gente que ainda completa: “a prova é que rico também fica triste”. Sim, meu caro, mas ele não está triste porque é rico. Está triste porque alguém morreu ou porque terminou com a namorada. O dinheiro nos aproxima, sim, da felicidade, na medida em que ele nos propicia realizar sonhos e, além disso, ainda não conheci nenhum problema que a falta de dinheiro não agravasse. Talvez eu pudesse concordar se a frase fosse “ser multimilionário e superfamoso pode fazer com que você se desconecte da realidade, te transformando em um prato cheio para qualquer psicólogo”. Mas como não é, não concordo. Eu seria um milionário muito feliz.
Outra: “não se deve julgar um livro pela capa”. O espírito da frase é bom, mas a metáfora é infeliz. Não julgar uma pessoa por sua aparência externa é correto, mas a capa é justamente por onde devemos começar a julgar o livro. A começar pelo título.
Mas isso já é assunto para outra crônica.

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