quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Reflexões com batata-frita


Antes de ler, esteja avisado que este texto provavelmente não vai a lugar algum.
Super-heróis têm o hábito de desafiar não apenas as leis da física, como era de se esperar, como também as leis da lógica. Não faltam exemplos.
Se o escudo do capitão América é indestrutível, como ele foi forjado? E mais: o escudo também nunca se suja. E a Mulher Invisível? Se a luz a atravessa, ela deveria ficar cega quando desaparecesse. E não vou sequer comentar o famoso caso das calças do Hulk que, não importa o estágio da transformação, sempre permanecem no sujeito, mantendo a censura livre da história.
Recentemente, e especialmente depois do Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller e de Watchmen, de Dave Gibbons e Allan Moore, os heróis estão mais realistas, com motivações psicológicas mais complexas e respeitando um pouco mais a lógica, mas me ocorreu que isso não é um fenômeno recente.
Nos primórdios dos quadrinhos, nos tempos do genial Alex Raymond, os heróis eram bastante realistas. Flash Gordon, Príncipe Valente, Nick Holmes, Terry (o dos piratas), Tarzan, Mandrake, Fantasma. Se você for exigente, podemos deixar Mandrake e Fantasma de fora da lista, mas o fato é que se tratavam de pessoas em circunstâncias incomuns, mas sem superpoderes mentirosos. Ninguém encolhia, arremessava carros pela avenida ou pegava fogo. Eram homens extraordinários, mas homens. E foi só agora, escrevendo sobre o assunto, que me ocorreu uma coisa interessante.
Naquele tempo, as leis da física tinham prioridade, mas a lógica não existia. Os heróis eram honrados e íntegros, como nenhum ser humano pode ser. Hoje, o aspecto emocional, político e social é muito mais explorado nas histórias, mas continuam jogando carros uns nos outros. A lógica tem prioridade sobre a física.
Eu avisei.

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