terça-feira, 7 de março de 2006

Mulher

Fazia tempo que não me pediam para escrever uma crônica específica. Por um momento, cheguei a pensar que não tinha mais ninguém lendo isso aqui e não existe nada mais solitário e deprimente que ficar falando sozinho pela internet – é falar sozinho em escala global. Mas, feliz ou felizmente, me pediram para fazer uma crônica curta sobre a mulher. Só agora me ocorreu que eu deveria ter perguntado para que era. Enfim...

Em primeiro lugar, abandonemos o politicamente correto, que limita as diferenças de gênero a questões científicas e, portanto, desprovidas de qualquer poesia. E, para mim, é inadmissível falar da mulher sem poesia.
Agora, imaginemos, por um segundo, o mundo sem as mulheres. Apesar da sensação inicial de alívio, não é preciso ser gênio para constatar que, em longo prazo, teríamos problemas. O homem, por exemplo, jamais seria capaz de assumir a questão prática de botar filhos no mundo para manter a espécie humana em atividade. Primeiro, porque é egoísta. Segundo, porque não é lá muito tolerante à dor e, terceiro, porque é muito racional e acabaria chegando à conclusão de que não vale a pena e que o melhor mesmo é que o mundo se acabe. Especialmente, um mundo sem mulheres.
Caos deveria ser um substantivo feminino, pois foi o caos a mãe do universo e está ele também na essência de todas as mulheres. A mulher é o que, ao mesmo tempo, nos enlouquece e nos conforta, nos destrói e nos levanta. É uma doença cujo remédio é ela própria. No fim, imaginar um mundo sem mulheres é como imaginar uma moeda com apenas uma face, uma impossibilidade física.
A mulher é isso. Algo impossível que, no entanto, existe. O que corrobora aquela outra teoria da evolução que afirma que o homem foi criado por um engenheiro e a mulher, por um artista.

2 comentários:

  1. Essa dicotomia homem-mulher me incomoda muito. Ah, que chegue um dia em que falaremos da humanidade... pois send a unica coisa essecial, é o que interessa.

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  2. a mulher é tão complexa que nem mesmo nós nos entendemos. adorei!
    flá

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