quarta-feira, 1 de março de 2006

O Seqüestro

Fui seqüestrado. Até prova em contrário, ser mantido em cativeiro, sem contato com o mundo exterior e contra a vontade é seqüestro, mesmo que não envolva pedido de resgate.
A polícia costuma alertar que, nesses casos, alguém próximo pode estar envolvido e eles não poderiam estar mais corretos: o responsável pela minha abdução foi meu próprio pâncreas. Mas ele, claro, não operou sozinho.
A operação contou com a colaboração do meu sistema imunológico e, possivelmente, do meu sistema nervoso parassimpático, apesar do envolvimento deste último não ter sido comprovado. Não é a primeira vez que meu pâncreas tenta me tirar de circulação, mas essa foi uma de suas investidas mais eficientes. O desgraçado só não foi preso porque seus advogados são excelentes – sempre alegam que ele estava sob a influência de drogas pesadas, como insulina e metformina.
Fui bem tratado no cativeiro. Alimentação frugal, mas constante (seis vezes ao dia) e pude, inclusive, receber amigos e usar o telefone de vez em quando, mas minha conexão com a Internet foi cortada. O pâncreas nega, mas é possível que ele estivesse envolvido também neste incidente. Existem indícios que apontam seu envolvimento com o raio que caiu em meu prédio, mas a Natureza nega e diz que nunca o viu mais gordo.
Enfim, estou livre novamente e de volta ao blog e, se depender de mim, por muito tempo, mas você sabe como são os órgãos internos hoje em dia... Incorrigíveis.

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