terça-feira, 23 de agosto de 2005

Vida

Se ainda não aconteceu com você, vai acontecer. Chega uma hora, normalmente depois de alguma experiência bem desagradável, que todo mundo se pergunta: por quê? Pra quê? De que adianta?
De que adianta tentar ser feliz, se agente morre no final? Por que o sofrimento é garantido e a felicidade uma conquista? Por que tanta gente tem que batalhar tanto só para comer? E tem a guerra e as doenças e a ganância e os meninos no sinal e o mendigo dormindo embaixo da ponte. Tem momentos que a gente olha pela janela e não entende nada. Como foi mesmo que cheguei até aqui? Como foi que vim parar nessa confusão chamada vida?
Tem gente que desiste. Sai de cena mais cedo. Às vezes suicidando sem se matar. Drogas, álcool, crime, depressão. Tem gente que não desiste, mas não consegue esconder o desânimo e o estresse. É só olhar para o lado no trânsito e você vai perceber o executivo de ar cansado, o vendedor de olhar distante, sonhando com dias melhores, a mãe gritando com o filho no banco de trás, o mal-humorado que buzina e te xinga, mesmo sendo ele o errado.
Parei para pensar nisso porque ouvi, com calma, o CD A Tempestade, do Legião Urbana. Nele, Renato Russo já estava bem doente e não conseguiu esconder sua depressão. O disco é obrigatório na discoteca de qualquer maníaco-depressivo, arruína o dia de qualquer um que prestar atenção nas letras. É bom, tem músicas ótimas, mas é melhor ouvir uma de cada vez, achei o conjunto meio devastador.
E aí resolvi ouvir o último do Queen. Freddy Mercury com a mesma doença, também nas últimas – mas que diferença de ânimo. É um CD que fala de amor, de esperança, da beleza da vida, apesar de tudo. Tem alguma depressão, mas nada grave. E só musicão.
A mesma situação, pontos de vista diferentes. No fim, a vida de todo mundo é mesmo muito parecida – é o ponto de vista que faz a diferença.
Não perca, amanhã, a visão do otimista.

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