quinta-feira, 20 de março de 2008

Amigos, amigos...

João comprou uma máquina de encontrar amigos. Ele não precisava da máquina, pois era uma pessoa muito popular e tinha muitos amigos, mas achava que seria um excelente presente para um primo seu, que vivia sempre muito triste e desanimado.

Sabia que o presente era absolutamente maravilhoso e que seu primo ficaria muito feliz, mas... E se a máquina não funcionasse? O vendedor parecia ser um sujeito honesto –e João nunca duvidava de pessoas que pareciam honestas, mas talvez a máquina precisasse de pilhas novas. Ou talvez tivesse vindo com algum defeito de fábrica.

Precavido, João resolveu testar o presente.

No dia seguinte, procurou o vendedor com cara de honesto:

— Senhor, a máquina que me foi vendida está com defeito.

— A máquina de encontrar amigos? Impossível!

— Pois veja o senhor que ontem eu estava dando uma festa em minha casa e liguei a máquina. A luzinha não acendeu nenhuma vez! E não é assim que ela deve funcionar? Quando um amigo se aproxima, a luz acende. Pois bem, estava cercado de amigos e a luz não acendeu nenhuma vez.

O vendedor com cara de honesto examinou a mercadoria de perto e confirmou que a máquina estava realmente quebrada. O que era uma pena, pois aquela era a última que ele tinha em estoque e ele não iria receber uma reposição, pois já não se fabricavam mais máquinas de encontrar amigos. E, dizendo isso, apressou-se em devolver o dinheiro para João.

— Que pena! – Disse João – Bem, vou procurar outro presente para meu primo. Até logo!

— Até logo.

— Que curioso!

— O que foi?

— Veja. A luz da máquina está acendendo agora!

— Ela está obviamente desregulada, uma vez que só estamos nós dois aqui.

João, que era simplório, mas não era bobo, devolveu o dinheiro para o homem com cara de honesto e perguntou:

— Qual o seu nome?

E convidou seu mais novo amigo para ir tomar uma cervejinha no bar ali da esquina. Pois naquele tempo era costume ir beber uma cervejinha com os amigos no bar. E, naquele tempo, para ser amigo não bastava ter cara de honesto, era também preciso prová-lo com atitudes.

Um comentário:

  1. Não sei nem como vim parar aqui no seu Blog, mas achei este texto fantástico! Acabei de sair de um casamento, não tenho nem se quer unzinho amigo, todos sumiram e é claro que nada acontece por acaso, não importa. O engraçado é que eu fico com cara de besta na rua, com vontade de chegar para todos e perguntar:

    - Oi, tudo bem? você quer ser meu amigo!

    Parece coisa de ciança, mas é que as vezes eu canso de andar com a minha sombra!

    Talvez eu coloque uma placa escrito "Procura-se amigos para conversar sem compromisso, jogar sinuca, comer azeitona e olhar umas bundas passando na rua" ehehehe

    Valeu o texto!

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