terça-feira, 20 de março de 2007

O jeitinho brasileiro tem jeito?

Não são todos, claro, mas de uma forma geral o brasileiro é muito pouco civilizado.

Entendo que a miséria pode levar o ser humano a fazer coisas inomináveis e sei que a falta de perspectiva pode acabar com qualquer moral, mas isso não é desculpa para o famoso "jeitinho" e o comportamento malandro da classe média brasileira, que não está passando fome e nem necessidade.

O governo Lula carimbou a falcatrua, dos benefícios concedidos ao filho do presidente por empresas públicas, passando pela quadrilha organizada que era (era?) a diretoria do PT até o espanto do presidente de que a crise dos Correios tenha sido deflagrada pro "apenas" cinco mil reais. Como é que alguém pode ficar indignado quando se rouba só isso, não é mesmo? Ainda se fossem alguns milhõezinhos...

Lula é mesmo o retrato do brasileiro. Esforçado, chega onde ninguém acredita que seria possível, mesmo que para isso lhe falte cultura e sobre malandragem. Não foi o presidente que viu o filme pirata de Dois Filhos de Francisco? E ainda teve coragem de elogiar a fita em cadeia nacional?

O povo aceita tudo isso porque faz a mesma coisa. Vê filme pirata, mente na entrevista de emprego, rouba material de escritório do trabalho, estaciona na vaga de deficientes, falsifica carteira de estudante e acha tudo isso normal.

Até entenderia se isso acontecesse uma vez ou outra, mas o fato é que, como diz o Lobão, ainda não inventaram dinheiro que o brasileiro não pudesse ganhar. E esse comportamento está refletido nos nossos governantes. A triste verdade é que o povo não tem muita moral para exigir, bem... moralidade.

Imagino que o cerne dessa falta de civilidade seja uma espécie de vingança contra os impostos abusivos e o massacre que nossas finanças e esperanças sofrem mês a mês, mas, infelizmente, nessa guerrilha contra o caráter, as maiores vítimas acabam sendo nós mesmos, pois é muito difícil estabelecer os limites do "jeitinho".

Ontem, no supermercado cheio, uma senhora entrou na maior cara de pau no caixa para até dez volumes com um carrinho transbordando de compras. Informei-a de que estava na fila errada e ela fingiu que não escutou. Insisti e ela me disse, com o nariz em pé, que já estava na fila e que ninguém iria tirar ela dali. O gerente do supermercado interveio e pediu para que ela fosse para outra fila. Ela foi, tendo que ouvir os aplausos das pessoas que estavam na fila certa. Quando eu estava saindo do mercado, a mulher veio correndo por trás e me deu um soco nas costas.

Não me machuquei, mas fiquei impressionado com o fato. Coisa parecida acontece no trânsito todos os dias. Um cara é fechado, xinga o infrator e acaba levando um tiro, porque o errado não admite que lhe apontem o erro.

Como disse, não é todo mundo. Talvez nem seja a maioria, mas sei que é gente suficiente para afetar o nosso dia-a-dia e o nosso país, basta olhar para quem elegemos para nos representar.


Um comentário:

  1. Posso estar enganado, mas tenho a impressão de que os mais afortunados são os mais safados. Conheço varios comerçantes que me dizem que os mais pobres são geralmente os que pagam as prestaçoes em dia. Impressão que nao deixa de ter sua dose de otimismo, o que me é geralmente estranho. Talvez nem tudo esteja perdido, mas acredito que boa parte ja foi pro brejo.

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