sexta-feira, 6 de junho de 2008

Ensaio sobre a cegueira (não resisti a esse título)

Como você é uma pessoa bem informada, tenho certeza de que já ouviu falar do efeito McGurk, mas eu, que só leio a página de esportes do jornal e só assisto ao House, só descobri sobre o McGurk ontem.
Estava justamente lendo sobre o cérebro (como vocês podem constatar na crônica abaixo) quando deparei com a seguinte curiosidade: se alguém está movimentando a boca falando GA, GA, GA, GA, GA, e você está ouvindo o som de alguém falando DA, DA, DA, DA, o seu cérebro vai fazer a maior confusão e achar que a pessoa está falando BA, BA, BA, BA.
Se você achou tudo uma coisa meio idiota, acho que está no caminho certo, mas parece que dá pra tirar uma conclusão científica disso: o nosso cérebro completa informações. Em nome da praticidade, ele resolve uma situação e pronto: arquiva em assuntos concluídos, mesmo que não seja uma resolução muito correta.
Por isso é muito difícil para nós, depois que já pensamos sobre um assunto, mudar de opinião. Só te falar que você ouviu na verdade DA, DA, DA não vai ser suficiente. Para nos convencermos, temos que ver gráficos, o áudio separado do vídeo e uma longa explicação.
O cérebro processa milhões de informações e tem horas que, pro pensamento andar, não dá pra ser razoável. Por questões práticas, somos naturalmente teimosos. É o que o gordinho que escreveu o livro chama de cegueira não-intencional.
Conheço uma porção de gente que vai usar mais essa informação pra justificar a cabeça-dura.
Mas, apesar de sermos todos neurologicamente meio míopes, o velho ditado continua valendo, com uma pequena atualização: o pior cérebro é aquele que não quer ver.

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