segunda-feira, 2 de junho de 2008

O incêndio

Quando o incêndio começou, Marcos entrou em pânico e só pensou na própria salvação. Estava entre os primeiros a sair do prédio, mas, depois de alguns momentos lá fora, botou um lenço no rosto para se proteger da fumaça e voltou para o edifício em chamas. Arriscou a própria vida várias vezes e ajudou os bombeiros a remover as pessoas até o prédio finalmente desabar.

O homem com um lenço no rosto foi considerado um herói. Marcos foi considerado mais um dos que entraram em pânico – ninguém desconfiou que os dois fossem a mesma pessoa. Marcos nunca desfez o mal-entendido. Ele não havia entrado no prédio para obter glória pessoal, ele apenas fez o que achou certo.

Já o Júlio logo gritou: "mulheres e crianças primeiro!". Carregou um cachorrinho no colo, deixou um velhinho apoiar-se em se ombro. Ficou na porta do prédio, em um local seguro, direcionando as pessoas para o serviço médico. Júlio conhecia o prédio como ninguém e poderia acessar vários lugares de forma segura e tirar muito mais gente do prédio, mas ele pensou consigo mesmo: "já fiz o suficiente. Ninguém poderá me culpar se eu não fizer mais. Tirar as pessoas do prédio nem é minha responsabilidade – já ajudei bastante."

E todo mundo pareceu concordar com o Júlio, que foi considerado um herói. Muita gente, inclusive, acredita que o Júlio era também o herói mascarado.

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