terça-feira, 10 de junho de 2008

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

O novo Indiana Jones faz sentido. Com a cronologia da série entrando nos anos 50, época de desenvolvimento tecnológico e nos primórdios da guerra fria, a nova descoberta arqueológica do Dr. Jones se encaixa perfeitamente no tema.

Além disso, dividir a cena com o filho e reviver um grande amor também são idéias que amarram bem as tramas anteriores.

E o resto também está lá: o nacionalismo, um vilão determinado, a ação, o bom-humor e o chapéu. E esse é o problema do novo Indiana Jones: ele não surpreende – e por isso é um filme bem mais fraco que seus antecessores.

O roteiro é interessante, mas tão formulaico que você vê o que vai acontecer a quilômetros de distância. Além disso, diferente da Arca da Aliança e do graal, o novo "tesouro" já foi explorado à exaustão em uma série de filmes recentes. O resultado é que, depois de quinze minutos de filme, eu já sabia como o filme terminaria.

A inclusão do filho é interessante, mas também previsível – e são poucos os momentos que a química entre pai e filho realmente funciona (Shia LeBeuf não é o Sean Connery). E manter o suspense de que o jovem é filho dele durante mais de uma hora foi, na verdade, uma oportunidade perdida. Não contribui para a história, pois todo mundo sabe do "segredo" e diminui as cenas com o clima "pai e filho". Quando o "segredo" é revelado, não resta mais nada a não ser acelerar para o final do filme.

As cenas de ação também são o que se podia esperar (com uma ou outra exceção) e, em um caso bem específico, Spielberg errou a mão e exagerou tanto no absurdo que eu saí do clima do filme por alguns instantes.

Mas o filme diverte, especialmente na primeira metade. E eu cheguei até a levar um susto bem honesto em um determinado momento, prova de que Spielberg entende mesmo desse negócio de direção.

Mas fiquei chateado pela ausência de surpresas.

O primeiro filme foi o primeiro, e a surpresa estava justamente aí.

O segundo filme abandonou a arqueologia, uniu Indiana Jones com dois parceiros improváveis e, em alguns momentos, repetiu as fórmulas do primeiro – mas a fórmula ainda era nova o suficiente, e as cenas de ação foram coreografadas à perfeição.

O terceiro filme tinha o objetivo de dar uma geral no personagem e encerrar com chave de ouro a trilogia. Tivemos o pai do Indiana, a origem do nome, excelentes diálogos, cenas de ação criativas, o Indiana Jones novo...

Já o quarto filme só introduz como elemento inesperado o exagero. E apenas adiciona mais um capítulo na vida do herói. Em vez de filmão, ficou com cara de novela. Dessas que a gente assiste mesmo sabendo o que vai acontecer, porque já se afeiçoou aos personagens. Pra fazer um filme interessante, Spielberg e Lucas tinham que reimaginar um Indiana Jones mais velho (como Frank Miller fez com o Cavaleiro das Trevas), mas o que fizeram foi um cara ainda mais fodão que nos outros três filmes anteriores.

É o pior filme da série. O que talvez equivalha a dizer que é o pior carro na loja da Ferrari. Mas, enfim, é o pior.

2 comentários:

  1. Finalmente chegou minha crônica! Concordo com tudo... Mas precisastes mesmo de 15 minutos pra sacar que o carinha era filho dele? Eu saquei isso so olhando o cartaz do filme, sabendo que a mulher era a mesma do primeiro... Karen Allen, ou algo assim... Muito obvio. O que mais me incomodou foi essa historia de extra terrestre. So faltou o Luke Skywalker...

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  2. O filho eu já sabia antes de assistir ao filme. O que deu para adivinhar depois dos primeiros quinze minutos foi todo o resto - os alienígenas, o Eldorado e até que haveria uma luta de espadas (o menino comenta que fez aula de esgrima). O jeito que a vilã morre também é igualzinho ao final de Os Caçadores da Arca Perdida. Enfim, pouquíssimas surpresas, se é que houve alguma.

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