terça-feira, 31 de março de 2009

Bicho solto

Eliana Tranchesi, a dona da Daslu, que recentemente foi condenada a mais de 90 anos de prisão por falsidade ideológica, descaminho (importação fraudulenta) e formação de quadrilha foi solta. Depois de ter sido condenada. A justificativa que a juíza deu para o Habeas Corpus (que está mais para Hocus Pocus neste caso) é uma tecnicalidade qualquer. Já a justificativa que a própria Eliana deu para sua soltura foi algo mais pitoresco: "eu não represento perigo nenhum para a sociedade" e "minha vida já foi revirada o bastante".

Quanto às investigações que tanto afrontaram a moça pouco pode ser feito. A perda da privacidade e da liberdade são preços notoriamente pagos por quem afronta a legalidade – ou pelo menos, deveriam ser. A norma no Brasil, por enquanto, é a impunidade, por isso o povo anda mal acostumado e acha que o agente policial não tem que nada que se meter na vida de quem rouba. Que absurdo, que absurdo! Pois eu já digo o seguinte: se podemos desparamentar o ser humano de dignidade para conseguir audiência na TV (Big Brother), está liberado remexer nas gavetas da Daslu atrás de notas frias.

Já a alegação de que ela não representa perigo é compreensível, mas igualmente sem sentido. De acordo com as últimas contas, Eliana deve algo em torno de 600 milhões de reais em impostos. Impostos que poderiam estar sendo aproveitados em escolas e em hospitais, dinheiro que deixou de salvar vidas para bancar heliporto e mordomo. A falta desse dinheiro matou mais que muito traficante armado por aí. Tem gente que acha que esse raciocínio é uma simplificação e que, na verdade, dadas as desgovernanças do nosso país, o mais provável é que esse dinheiro jamais chegasse a um destino probo. Mas se é este o caso, o que está errado não é o raciocínio, é o governante – tem mais bandido na quadrilha da Daslu! Prende o resto, pô! Prende o resto!

Mas fizeram foi soltar...

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